Nos últimos anos, a cetamina tem se destacado como uma das terapias mais promissoras no tratamento de doenças psiquiátricas graves, como depressão resistente, ansiedade severa, ideação suicida e transtorno bipolar. Embora originalmente desenvolvida como anestésico, seu uso off-label (fora da indicação principal) em psiquiatria tem mostrado resultados impressionantes, especialmente em pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais com antidepressivos.
Enquanto os antidepressivos tradicionais, como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina, podem levar semanas para surtir efeito, a cetamina se destaca por sua ação rápida. Estudos demonstram que, em muitas ocasiões, o alívio dos sintomas de depressão e ideação suicida pode ocorrer dentro de poucas horas após a primeira infusão.
A cetamina atua de forma diferente ao influenciar diretamente os receptores NMDA no cérebro, aumentando a quantidade de glutamato, um neurotransmissor essencial para a plasticidade neuronal. Esse efeito ajuda a “reconectar” áreas do cérebro que foram prejudicadas pela depressão severa, oferecendo uma recuperação mais rápida e eficaz.
Os estudos clínicos recentes reforçam a eficácia da cetamina no tratamento de transtornos psiquiátricos. Em pacientes com depressão resistente, as respostas têm sido notáveis, com remissão dos sintomas após um ciclo de seis infusões intravenosas. Essa abordagem tem oferecido uma nova esperança, especialmente para aqueles que já tentaram outros tratamentos sem sucesso.
Além disso, a cetamina tem mostrado resultados positivos no controle da ideação suicida, com efeitos rápidos que são cruciais em situações de emergência psiquiátrica. Essa velocidade de resposta torna a cetamina um diferencial importante, principalmente em comparação com os antidepressivos tradicionais, que demoram mais para fazer efeito.
Apesar de ser uma solução inovadora e eficaz, o uso da cetamina deve ser realizado com cautela e em ambiente hospitalar. O acompanhamento integral de um médico anestesista é fundamental para garantir a dosagem correta e monitorar as respostas do paciente. O protocolo mais comum envolve seis infusões endovenosas de cetamina, realizadas ao longo de duas a três semanas. Muitos pacientes experimentam uma significativa melhora após esse ciclo inicial, com efeitos duradouros que podem ser mantidos com sessões de manutenção, conforme a necessidade individual.
A cetamina oferece algo que os antidepressivos tradicionais muitas vezes não conseguem: alívio rápido. Para pacientes que lutam há anos contra a depressão resistente, a ansiedade severa ou o transtorno bipolar, essa nova abordagem pode transformar vidas. Ao agir diretamente sobre os neurotransmissores do cérebro e restaurar a plasticidade neural, a cetamina não só alivia os sintomas rapidamente, mas também promove uma recuperação significativa em um curto período.
Embora ainda seja considerada uma terapia off-label, a cetamina vem se consolidando como uma solução eficaz para o tratamento de doenças psiquiátricas graves. Realizada em ambiente hospitalar e com a supervisão de um médico anestesista, essa abordagem tem mostrado ser segura e promissora, oferecendo alívio rápido e duradouro para pacientes que enfrentam os desafios de condições resistentes aos tratamentos convencionais.
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Referências
Gil, Tiago, & Bonetti, T. C. S. (2024). Efficacy of intravenous esketamine in reducing suicidal ideation and major depressive symptoms: A real-world evidence study. Journal of Affective Disorders Reports, 17, 100809. https://doi.org/10.1016/j.jadr.2024.100809