Antes de começarmos a falar sobre como a cetamina pode ser a melhor opção para o tratamento de ideação suicida, precisamos entender o que é e como é diagnosticada.
O que é ideação suicida?
A ideação suicida é o ato de pensar sobre o próprio suicídio, seja uma simples consideração ou um plano detalhado e específico. A ideação é considerada um fator de risco para o suicídio, embora pensar em suicídio não implique que a pessoa realmente irá fazê-lo. No entanto, deve servir como um sinal de alerta.
Em pessoas com transtornos mentais, a ideação suicida é mais comum. Ainda que esteja muito associada à depressão, a ideação suicida pode ocorrer em vários tipos de transtornos: sejam eles transtornos de humor, personalidade ou ansiosos, dependência de substâncias e esquizofrenia.
Como diagnosticar uma pessoa com ideação suicida?
O diagnóstico de ideação suicida é baseado em sinais e sintomas que a pessoa pode apresentar. Aqui estão alguns sinais de alerta de suicídio ou pensamentos suicidas:
🔹 Falar sobre suicídio;
🔹 Conseguir meios de tirar sua própria vida;
🔹 Retirar-se do contato social e preferir ficar sozinho;
🔹 Ter mudanças de humor, como estar emocionalmente alto em um dia e profundamente desanimado no outro.
Além disso, outros sinais podem incluir comportamento retraído, alcoolismo, mau desempenho no trabalho, estudos e vida em geral, olhar distante e dificuldade em manter contato, mudança na personalidade, irritabilidade, pessimismo ou apatia, mudança no hábito alimentar e na rotina de sono, sentimento intenso de culpa ou vergonha.
E como a cetamina pode auxiliar em casos de ideação suicida?
Estudos indicam que a cetamina pode diminuir a ideação suicida e o risco de comportamento suicida. Estes estudos identificaram melhora rápida em várias funções cognitivas que podem potencialmente reduzir o risco de suicídio.
Recentemente, um estudo publicado no BMJ (British Medical Journal) procurou examinar os efeitos imediatos da cetamina intravenosa sobre a ideação suicida. Pesquisadores franceses randomizaram 156 adultos voluntariamente admitidos em um hospital, com ideação suicida, para receberem infusão de cetamina por via intravenosa ou infusão de soro fisiológico normal na linha basal e a 24 horas. No terceiro dia, mais pessoas que inicialmente tinham ideação suicida estavam em remissão no grupo de cetamina em comparação com o grupo do placebo (63% vs. 31,6%, p < 0,001). As taxas de remissão diferiram quando estratificadas pelos diagnósticos, e foram maiores nos adultos com transtorno bipolar (84,6% vs. 28%, p < 0,001).
Outro estudo mostrou que, após seis semanas de tratamento com cetamina, os pensamentos suicidas caíram abaixo do limite para níveis clinicamente significativos de ideação suicida por mais de dois terços (69%) do grupo. E durante o teste, puderam observar que os efeitos colaterais gerais da cetamina não foram graves e incluíram sedação (11%), despersonalização (9,6%), náuseas (6,8%) e tonturas (4,1%). Ao longo do estudo, seis pacientes (8,2%) do braço da cetamina e oito pacientes (9,8%) do braço do placebo tentaram suicídio.
Apesar dos números satisfatórios e da remissão em casos mais graves, reforçamos que a indicação e aplicação da cetamina deve ser feita por um médico anestesista qualificado e dentro de ambiente hospitalar.
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Referências:
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